domingo, 19 de fevereiro de 2012

Metamorfose

Esse texto foi do final do ano passado da matéria de Formação do Leitor, mas só tive tempo de digitar agora.. É uma readaptação de um conto chamado Metamorfose de Franz Cafka que foi escrito no ano de 1915. Essa readaptação foi escrita por: Darién, Marcelle, Laura, Julia e Marina. O texto está meio grande, mas.. Espero que gostem!




Certo dia, um rapaz chamado Ian, moreno, alto, cabelos pretos, barba mal feita e olhos cor de âmbar, ou seja, muito bonito, como de costume, foi caçar, mas dessa vez não queria caçar um animal de pequeno porte. Invadiu um safári, sabia que era um ato ilegal, mas era um ato que proporcionaria um desafio, uma aventura para o dia. Com passos silenciosos do caçador que era, invadiu pela cerca mal posicionada do safári. Assim que pisou na vegetação árida, uma coisa era certa, a caçada começara.
De espingarda na mão, e um pensamento nada piedoso, começou a caminhar, caminhar e não via o tempo passar, seus passos e sua respiração se confundiam com os dos outros animais ao seu redor, mas resistiu a tentação de atirar nos animais curiosos que chegavam perto de seu corpo armado, reservaria o tiro perfeito para a presa perfeita, para o desafio que veio ali realizar.
Então pensou qual seria o maior desafio, o maior animal ali, um que saciaria sua sede incomum, sua sede de matar. Então pensou o maior, o mais forte, “elefante” sussurrou. Era isso, tinha um objetivo, sabia onde ir, sabia o que fazer. Suas habilidades e esperteza mais a arma que levaria na mão não daria ao elefante muita chance. Com um sorriso no rosto, preparou a arma e seguiu em frente.
Não sabe quanto tempo se passou, mas ao longe avistou um objeto, deitado perto de uma árvore, numa sombra, parecia uma pedra, mas percebeu que uma espécie de tromba saía de sua superfície, “era isso” pensou. Era grande suficiente para ser difícil, imóvel suficiente para ser fácil. Ian pensou em atirar dali mesmo, mas então lembrou. Desafio. Desafio era o que veira ali realizar, então se aproximou um pouco mais, um pouquinho mais e mais, mas o animal não se moveu, permaneceu imóvel, provavelmente pensou que era um dos humanos que ajudavam na manutenção do safári. Então continuou imóvel e não se mexeu quando a bala perfurou sua rígida pele, e outra bala, e outra.
O animal soltou um som, o último som de sua vida, foi quando tombou sua cabeça no chão e o rapaz soube que estava morto. Soube então que realizara o que viera a fazer. Geralmente, quando uma de suas balas atravessava a pele de sua caça ele simplesmente ia embora ou levava a caça para casa para se empanturrar com a carne. Mas agora, ali, encarou os olhos do cadáver, que não há muito, fora um animal. Olhou dentro de seus olhos que seguiam encarando o rapaz, como se pedissem socorro, como se quisesse entender o que estava acontecendo. Inocência. Também via inocência naqueles olhos e isso fazia daquele animal morto a seus pés, a presa perfeita. E quanto se fazia dele, o caçador alguém que tirou a alma de um animal inocente por puro... prazer. Uma sensação que nunca sentiu antes encheu seu peito e se sentiu preso ao olhar daquele elefante.
Seus pés ficaram presos ao chão, foi tomado por um aroma que envolvia culpa e o cheiro do próprio elefante que não fora notado antes. Não fora notado porque antes era só uma presa, mas agora, olhou nos seus olhos, viu a si mesmo, numa imensa confusão tentando entender o que estava acontecendo. Fez força para sair correndo dali, querendo se livrar do aperto que sentia no peito, querendo se livrar da imagem que tinha do animal que acabara de matar, querendo tirar a imagem se si mesmo indefeso. Não sabia onde estava, nem para onde ia mas de repente se viu tombando no chão, não parou simplesmente, tombou no chão.. Como se estivesse de quatro. O aperto do peito não saia! Então notou que o peso do aperto que sentia era de seu próprio corpo. Queria gritar, mas não se ouvia um grito, mas viu uma tromba que notou assustado, que fazia parte do seu próprio corpo. Então continuou correndo, o susto não o fez parar.
Desesperado por água e comida, isso sim foi o que o fez parar. Olhou em volta procurando por qualquer tipo de ajuda. Foi quando avistou ao longe uma manada de elefantes, extremamente parecidos com o que matara hoje e percebeu assustado que era com ele deveria parecer no momento. Queria correr até eles e pedir ajuda, queria pedir perdão a cada um deles pela vida que tirara hoje. Queria, mas não podia, fraco e com sede, tombou no chão e fechou os olhos esperando a morte inevitável que viria.
Quando voltou a abrir os olhos, a forte luz do sol foi a primeira coisa que notou, em seguida o rosto de vários elefantes, viu raiva, frustração, medo, mas principalmente raiva. Como se fossem pisoteá-lo ali agora. Queria pedir ajuda, tentou falar alguma coisa, mas a única coisa que saiu foi um gemido de dor e ressentimento, os elefantes se viraram e saíram deixando o corpo do rapaz elefante para a morte.
Depois disso, ouviu passos a distância vindo em sua direção, logo avistou olhos, olhos de caçadores, que deviam ser exatamente como os dele antes de cometer o ato de que se arrependeria para sempre. O rapaz elefante permaneceu imóvel enquanto o caçador levantou a arma em sua direção olhando como se ele fosse, bem, como se ele fosse uma presa fácil.

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