terça-feira, 27 de março de 2012

Recontando 'A Maior Flor do Mundo'

Esse foi um texto que eu e Marcelle fizemos no início do ano. Foi um trabalho da Oficina de História e Literatura, em que tínhamos que fazer um outro texto baseado em 'A Maior Flor do Mundo' de José Saramago.


Me chamo Chris, tenho apenas 17 anos, mas fazem quatro anos que perdi minha mãe. Foi câncer, era muito novo, tinha apenas 13 anos. Não sabia o que seria da minha vida sem ela, mas não tive escolha, tive que aprender a viver sem a minha heroína, aquela que me pôs no mundo.
Quando ela morreu, obviamente, não aceitei nada bem, era católico por opção, mas quando Ele tirou minha mãe de mim, tive raiva, gritava, chorava e O culpava, me sentia traído, mas um tempo depois resolvi ser voluntário no hospital como palhaço da alegria, fiquei na área de crianças com câncer, não poderia ser diferente.
No início do meu trabalho voluntário, foi difícil, pois lembrava de inúmeras vezes da minha mãe, mas isso, aos poucos, foi sumindo, sempre ouvia um riso de uma criança e via um sorriso.
Certo dia, fui fazer minhas gracinhas para uma menina de 8 anos que a pouco havia diagnosticado o câncer, entrei na sala e perguntei-lhe seu nome, ela disse que se chamava Nina e perguntou meu nome, eu lhe respondi. Por incrível que pareça, nunca senti nada parecido por uma de minhas pacientes como senti por Nina, uma menina de apenas 8 anos com um lindo sorriso, e uns olhos que eu nem me dou ao luxo de descrever, eram simplesmente perfeitos! Havia esperança em seus grandes e brilhantes olhos castanhos.
Algo nela me instigava, ela me parecia tão familiar, me sentia tão à vontade ao seu lado, sua voz me encantava, mas os olhos, ah que olhos!
Ela tinha os olhos de minha mãe! Era isso.
Todos os dias ia para o hospital ver Nina, até que um dia ela falou:
-Chris, não gosto de palhaços, quero ver você de verdade.
Aos poucos fui tirando minha fantasia de palhaço e a maquiagem. Nina ficou um bom tempo quieta apenas me analizando, até por fim ela falou:
-Melhor assim.
Apenas sorri.
No dia seguinte, Nina me chamou para ir à sua casa, pois naquele dia a quimioterapia havia terminado. Eu obviamente aceitei. Fomos no carro da mãe dela, uma moça boa, doce, gentil, mas que não conseguia esconder a preocupação, a aflição nos olhos.
No caminho, Nina cantava músicas infantis e olhava pela janela o mundo afora.
Chegamos, Nina desceu rápido do carro e me puxando pelo braço, me levou até seu quarto, e me mostrou sua parede de fotos, falando de como ela era bonita com cabelo e como se sentia mal pelo fato de ser careca agora. Foi ai que tive a ideia de irmos à um lugar para comprarmos uma peruca para Nina, afinal, não gostava de vê-la triste!
Chegando lá, ela botou todas as perucas e fazia caras e bocas. Ela naturalmente era loura, mas quis uma peruca ruiva para inovar!
Nós rimos muito, foi muito bom. Então ela me pediu para tomar sorvete, levei-a nas costas. Tomamos o sorvete, e ela me perguntou:
-Sabia que quando eu morrer, vou levar lembranças suas comigo?
Estava perplexo, não sabia o que dizer, então só falei para ela tirar essa ideia da cabeça!
Fui dormir pensando nela, quando consegui pegar no sono, o telefone tocou, às 4 da manhã, era a mãe de Nina, me pedindo para ir para o hospital imediatamente!
Fiquei muito preocupado, chorando, e pensando no pior, peguei minha bicicleta e pedalei o mais rápido possível. Chegando lá, estavam todos chorando, mil coisas passaram pela minha cabeça, entrei no quarto relutante, já esperando pelo pior. Estavam todos chorando, mas estavam chorando de felicidade! Quando vi Nina ela estava com um brilho nos olhos, como eu nunca havia visto antes. Ela apenas estendeu os braços, abracei-a tão forte e posso dizer que foi o melhor abraço da minha vida, não queria soltá-la, mas quando soltei-a, estava me debulhando em lágrimas.
Segundo o médico, Nina era um milagre! O câncer havia desaparecido!
Não conseguia para de sorrir.
Os dias seguiram... O cabelo de Nina começou a crescer de novo, voltou a frequentar a escola, e como sempre a visitava todos os dias, Nina é a minha melhor amiga, minha irmã.
Então cheguei a conclusão de que mesmo que seja pouco, se você der, e for real, com pequenos atos, podemos mudar grandes coisas.

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